Estamos «razoavelmente servido[s]» pela CP e pelos autocarros, mas porque não superar a mediocridade de um “razoavelmente”? Encontramo-nos perante uma oportunidade única de reforçar a nossa união á área metropolitana de Coimbra – da qual, de resto, já fazemos parte. A possibilidade de, apanhando o metro na Mealhada e, sem o abandonar, circular por toda a Coimbra, e, em dia de Verão, estender a viagem até à Figueira, é cenário quase futurista não fosse a iminência da sua muito plausível concretização nos tempos próximos. A sua construção não invalida a do troço da EN1/IC2, entre Sargento-Mor e a Anadia, essa prioridade pela qual o Presidente não troca o tram. A recusa do metro não pode servir como pressão para tal variante – que jeito estranho de negociar politicamente! Estaremos tram-ados?
2. Baixo agora a pena crítica e descanso a postura de corvo irritante que bica os transeuntes para me sentar num ramo da árvore e, arrisco!, cantar até (efeitos, talvez, da Primavera). Guardo o dedo indicador e, mãos abertas, ovaciono. Como noticiado no número anterior do jornal, esteve entre nós Mário Augusto em mais “Um Café Com...”. Pude participar na conversa com o entrevistador e isso recordou-me a significância cultural do Cine-Teatro Messias no panorama cultural do concelho.
A temática de todo o serão – o cinema – ainda mais fortemente me fez meditar no papel do espaço onde me encontrava. Senti que fazia um regresso a casa. Há uns cinco anos atrás, pouco ou nenhum seria o meu interesse em participar em tal sessão: ia duas vezes ao cinema, quando estava de férias, emigrado na praia – e todo o mais ano era um deserto. Foi, em 2001, a recuperação do Cine-Teatro, que me fez mergulhar, irrecuperavelmente, nesse mundo. A proximidade inédita aos bens culturais que gerou, permitiu uma mudança qualificativa dos meus gostos – e dos de tantos outros mealhadenses.
E, porque o Cine-Teatro fez-se por justaposição, no seu segundo termo revela, explícita, a sua segunda força. Com um recinto à altura, a Mealhada começou a acolher grandes representações teatrais e criou as bases para o posterior desenvolvimento de grupos teatrais, como a Oficina de Teatro do Cértoma. A título de exemplo, só este mês de Março que se fina, o Messias assistiu a um monólogo de Sofia Alves e ao clássico Felizmente Há Luar! – que, nem a propósito, eu comecei, nessa semana, a estudar a Português.
Publicado a 29 de Março de 2006
0 comments:
Post a Comment