A irritação do autor e de quantos já assinaram a petição deve-se aos novos horários para que a TVI relegou The Office: O Escritório. Versão americana de um original inglês que apenas posso vivamente recomendar, esta série de culto foi inclusive vencedora do Emmy de Melhor Série de Comédia em 2006, encontrando-se de novo na corrida ao prémio este ano. A TVI, que tinha adquirido os direitos, cancelou, ao fim de duas semanas em Julho, a emissão de The Office, apenas para a retomar em finais de Agosto com um episódio às cinco e dez da manhã.
O nojo – esse é o único sentimento que me invade perante a atitude do canal de Queluz. O nojo – e a revolta, acrescentaria. Esta petição reveste-se de um valor simbólico: ela não protesta apenas contra o tratamento dado às séries, mas contra toda a política de programação da TVI e o seu telelixo. Ouso mesmo mais: esta petição é quase um manifesto não só contra o quarto canal, mas contra todas as estações generalistas e a sua lógica estupidificante, contra a forma como sistematicamente exorcizam de si os programas de qualidade. Ainda este Verão, tempo sempre mais propício à preguiça de ver televisão, verifiquei essa verdade. E, ao contrário do que se possa argumentar, não se trata – ou não é isso o fundamental – de uma questão de audiências, mas sim de uma alergia patológica ao Bom (ou inveja dele). De que outra forma se explica que a SIC, por exemplo, a 17 de Agosto, tenha relegado para a uma e quinze um filme como o Senhor dos Anéis III, que, como é sabido, tem um imenso público? Chega disto.
Estarão na Quinta da Atalaia, ao que parece, representantes dos respeitáveis partidos comunistas de Cuba, do Vietname, da Coreia do Norte e da China: impecável lista de ditaduras. Com estas presenças, é caricato (ou revelador) que um dos temas em destaque no ciclo de debates a promover na edição deste ano da Festa seja precisamente, de acordo com o Jornal de Notícias, “as ameaças ao actual regime democrático de Portugal”. Já a edição do ano passado não escapou à polémica, quando foi denunciada a presença na Atalaia de um stand da revista oficial dos guerrilheiros da FARC, grupo que a União Europeia classifica de terrorista. O PC, curioso!, discorda deste rótulo, argumentando que se trata de “uma organização popular armada que há mais de 40 anos prossegue a luta pela real democracia na Colômbia e por uma justa e equitativa redistribuição da riqueza”. A prossecução desses nobres fins, estou certo, justificará os raptos e mortes perpetrados pelas FARC. Alguns, no ciberespaço, apelam já ao boicote da Festa da Atalaia. Urge que as “amizades” do PC comecem a ser discutidas publicamente: leia-se, a esse propósito, a peça laudatória de Miguel Urbano Rodrigues intitulada Guerrilheiras das FARC, disponível no site do Avante!. Haja vergonha: da nossa parte, só sobra o nojo. ■ o corvo
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