Há um candidato, cujo nome não me relembro, que insiste em ser discriminado pelos media – não, não é Garcia Pereira, cujo protesto seria até inteligível. É outro, cujo nome – maldição! – não me ocorre, esquecido, por decerto, devido à sua parca cobertura mediática. Candidato mp3, chamam-lhe os jovens da sua candidatura, mas o mp3 parece-me mais vinil: muda o disco e toca o mesmo. “Soares é fixe!”, gritam esses seus pequenos apoiantes, mas a verdade é que aquele-cujo-nome-não-me-lembro é fixíssimo: palavra do próprio! Para além de que, profissionalmente falando, é versado em jurisprudência, filosofia e história: em suma, político profissional, coisa que a Esfinge afirma não ser. Mas porque recorro a um impropério do fixíssimo? Ele mesmo confessara na pré-campanha que não mais atacaria os outros adversários: porque infrinjo no meu crocito o que o concorrente tão bem praticou? Se acaso deslize houve no cumprimento do juramento, foi erro, tal como é erro, se Cavaco ganhar, a candidatura do mp3-vinil: assim ele nos garantiu há uma semana. Erro é pois, de facto.
É assustador verificar que o grande objectivo das candidaturas de esquerda é travarem a direita, num regime em que o Parlamento é, por maioria absoluta, dessa mesma esquerda. Fosse de direita, e entenderia a necessidade de equilibrar os poderes – não é o que sucede. Mais, todo este discurso maniqueísta esquerda/direita pretende somente radicalizar o adversário de uma forma estúpida e o facto de Cavaco continuar a subir nas sondagens só demonstra como este técnica falhou rotundamente. Em contrapartida, o falso sebastianismo cavaquista tem singrado, com um messianismo envolvendo a sua figura, usurpada a Soares, o “Pai da Pátria”, que passou a “grande perturbador nacional”. Este coitadismo, este fazer-se de vítima, era típico de um outro político: Santana Lopes. Não me espantaria ver Soares a clamar pelo contraditório...
A Cavaco parece pouco import(un)ar Soares, que tratou de se encontrar com Valentim Loureiro, quando o Sr. Silva foi recebido na Madeira (por aquele que Louçã expulsaria do poder). Alegre, para não ser incomodado pelas companhias, escolheu um morto, mas até assim o partido comunista criticou a invocação em vão do santo nome de Cunhal, o que é só mais um testemunho da infeliz campanha de Jerónimo. Este, no insulto, seguiu as passadas de Soares, apelidando Cavaco, por exemplo, de “sábio macaco”. Igualmente lamentável foi o discurso primitivo comunista sobre os apoios capitalistas da campanha de Cavaco. Quando foi feita pressão para que Cavaco revelasse os financiadores da campanha, só Alegre revelou simpatia para com o criticado – talvez por a sua própria campanha não ter dinheiros partidários. Pois nestas presidenciais temos candidaturas suprapartidárias, semi-partidárias e ex-partidárias!
Publicada a 18 de Janeiro de 2006
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